Abril é um mês no qual comemora-se o aniversário de um importante acontecimento da Literatura Brasileira do séc. XX: 80 anos do lançamento de O País do Carnaval, primeiro romance de Jorge Amado. Essa é a homenagem do Blog ao nosso Mestre Baiano!
O país do Carnaval é o primeiro romance de Jorge Amado, escrito quando ele tinha apenas dezoito anos. O livro foi publicado pela editora Schmidt em 1931, mesmo ano em que o autor ingressou na faculdade de direito no Rio de Janeiro. Antes de O país do Carnaval, Jorge Amado publicara os poemas de A luva e a novela Lenita, mas por opção do próprio escritor esses trabalhos não foram incluídos na relação de suas obras completas.
O livro surpreendeu a crítica: um livro crítico e contestador sobre a ética – ou falta dela – dos intelectuais da época diante da situação social e política do Brasil às vésperas da revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas. Expressa o clima intelectual da época, marcado pela idéia de crise e incerteza. Jorge Amado surpreendeu a crítica e o público com sua aguçada crítica política.
O retrato crítico e investigativo vem através da imagem festiva e contraditória do Brasil, a partir do olhar do personagem Paulo Rigger, um brasileiro que não se identifica com o país. Filho de um rico produtor de cacau, Rigger volta ao Brasil depois de sete anos estudando direito em Paris. Num retorno marcado pela inquietação existencial, ele se une a um grupo de intelectuais de Salvador, com o qual passa a discutir questões sobre amor, política, religião e filosofia. Dúvidas sobre os rumos do país ocupam o grupo.
O protagonista mantém uma relação de estranhamento com o Brasil do Carnaval, acredita que a festa popular mantém o povo alienado. Os exageros e a informalidade brasileira são motivo de espanto, apesar de a proximidade com o povo durante as festas nas ruas fazer com que ele se sinta verdadeiramente brasileiro. Aturdido pelas contradições, Rigger decide voltar para a Europa.
Mestiçagem e racismo, cultura popular e atuação política são alguns dos temas de Jorge Amado que aparecem aqui em estado embrionário. Brutalidade e celebração revelam-se, neste romance de juventude, linhas de força cruciais de uma literatura que se empenhou em caracterizar e decifrar o enigma brasileiro.
A primeira edição teve tiragem de mil exemplares e prefácio do editor e poeta Augusto Frederico Schmidt. O romance foi recebido com entusiasmo por Rachel de Queiroz, que havia publicado O quinze no ano anterior. Os dois escritores se conheceram no Rio de Janeiro, e foi ela quem lhe apresentou a Juventude Comunista. Em 1932, Jorge Amado se tornou militante.
Ainda em Salvador, o escritor já havia freqüentado, entre 1927 e 1931, a Academia dos Rebeldes, grupo literário formado em torno do jornalista e poeta Pinheiro Viegas. Em entrevista ao jornalista Joel Silveira, Jorge Amado destacou a influência de Viegas e seu grupo na escrita de O país do Carnaval. Alguns críticos apontam ainda o intelectual paulista Paulo Prado, autor de Retrato do Brasil, como modelo para o protagonista Paulo Rigger.
Considerado subversivo, O país do Carnaval estava entre os livros de Jorge Amado que foram queimados em praça pública em Salvador, por determinação da polícia do Estado Novo, em 1937. O livro foi publicado em Portugal e traduzido para mais três idiomas.
Principais Personagens
Paulo Rigger: filho de rico cacauicultor recém falecido, de volta de Paris.
Julie: amante francesa de Paulo que desembarca com ele no Rio.
Pedro Ticiano: ateu, homem cético, o terror dos letrados.
Ricardo Reis: piauiense, tentando a vida na Bahia. Poeta, funcionário público, estudante de direito.
A. Gomes: jornalista, diretor de uma revista, sonha ficar rico.
Jerônimo Soares: o mais apagado dos amigos. Mulato, ingênuo, sem vaidades.
José Lopes: o mais estranho de todos. Batia de frente com Ticiano.
Maria de Lourdes: jovem pobre, por quem Paulo Rigger se apaixonaria.
Paulo Rigger: filho de rico cacauicultor recém falecido, de volta de Paris.
Julie: amante francesa de Paulo que desembarca com ele no Rio.
Pedro Ticiano: ateu, homem cético, o terror dos letrados.
Ricardo Reis: piauiense, tentando a vida na Bahia. Poeta, funcionário público, estudante de direito.
A. Gomes: jornalista, diretor de uma revista, sonha ficar rico.
Jerônimo Soares: o mais apagado dos amigos. Mulato, ingênuo, sem vaidades.
José Lopes: o mais estranho de todos. Batia de frente com Ticiano.
Maria de Lourdes: jovem pobre, por quem Paulo Rigger se apaixonaria.
muito bom! adorei!
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