domingo, 1 de maio de 2011

Amado Jorge! - Revista Conhecimento Prático Literatura Edição 33 - 2010 Parte II

Quincas Berro D'água


Publicado em 1961, o romance conta história de Joaquim Soares da Cunha, respeitável cidadão casado e com filhos, com um cotidiano pacato de funcionário público. Até o dia em que resolve mudar de vida: abandona a família para viver como um vagabundo, entregando-se aos vícios mundanos, especialmente à bebida, quando recebe o apelido de Quincas Berro D'água. Assim, ocorre sua primeira morte: moral, decretada pela família, para evitar a humilhação perante a sociedade.
A segunda morte ocorre de fato e é descoberta por uma amiga de Quincas quando ela foi visitá-lo em seu quarto sujo. Um médico comprova tudo. Seus familiares resolvem esquecer o passado vergonhoso, e para resgatar a memória respeitável de Joaquim providenciam um velório e um enterro caro.
Mas quando seus amigos de bebedeiras chegam ao velório e encontram o defunto com um sorriso, o tomam como vivo e arrastam seu corpo para uma noite de farra. Decidem usar um barco para passear no mar, mas uma súbita tempestade lança uma grande onda sobre eles, fazendo com que Quincas Berro D água tenha a sua terceira morte.
A partir daí surge a grande controvérsia: para a família, Joaquim morrera de causas naturais; para os amigos, Quincas tirou a própria vida ao atirar-se nas águas do mar, pois temia ser enterrado num caixão.
Em 1978 o romance foi apresentado pela TV Globo, no programa Caso Especial. O personagem central foi interpretado por Paulo Gracindo. A adaptação e direção de Walter Avancini.
Em 2010 houve a estreia do longa-metragem Quincas Berro Dágua, dirigido por Sérgio Machado, com Paulo José interpretando o personagem principal, Marieta Severo no papel de sua amante e Mariana Ximenes como a filha de Quincas. O filme conta ainda com a participação dos atores Vladimir Brichta, Milton Gonçalves e Othon Bastos. A produção de Quincas Berro Dágua custou aproximadamente US$ 6,5 milhões.

A esposa do escritor


Filha de imigrantes italianos, a escritora Zélia Gattai nasceu em 2 de julho de 1916, na cidade de São Paulo, onde viveu durante sua infância e adolescência. Desde muito jovem, Zélia participava, com a família, do movimento político-operário anarquista que tinha lugar entre os imigrantes italianos, espanhóis e portugueses, no início do século XX. Aos 20 anos, casou-se pela primeira vez com Aldo Veiga, com quem teve um filho, Luiz Carlos, nascido em São Paulo, no ano de 1942.
Leitora de Jorge Amado, Zélia Gattai o conheceu em 1945, quando trabalharam juntos no movimento pela anistia dos presos políticos. A união do casal deu-se poucos meses depois. A partir de então, Zélia trabalhou ao lado do marido, passando a limpo e datilografando seus originais e o auxiliando no processo de revisão.
Em 1945, com a eleição de Jorge Amado para a Câmara Federal, o casal mudou-se para o Rio de Janeiro, onde nasceu o filho João Jorge, no ano seguinte. Quando o partido Comunista foi considerado ilegal e Jorge Amado perdeu o mandato, a família Amado precisou exilar-se. Viveram em Paris por três anos, período em que Zélia Gattai fez os cursos de Civilização Francesa e Fonética e Língua Francesa, na Sorbonne. De 1950 a 1952, a família viveu na Tchecoslováquia, onde nasceu a filha Paloma. Foi neste tempo de exílio que Zélia Gattai começou a fazer fotografias, tornando-se responsável pelo registro visual da vida do escritor baiano. Chegou a lançar, após a volta ao Brasil, a fotobiografia de Jorge Amado intitulada Reportagem incompleta.
Aos 63 anos de idade, começou a escrever suas memórias. O livro de estreia, Anarquistas, graças a Deus, ao completar 20 anos da primeira edição, já contava mais de duzentos mil exemplares vendidos no Brasil. Anarquistas, graças a Deus foi adaptado para minissérie pela Rede Globo de Televisão e as memórias, Um chapéu para viagem, foram adaptadas para o teatro.
Sua obra é composta de nove livros de memórias, três livros infantis, uma fotobiografia e um romance. Como as do marido, as obras de Zélia Gattai também ganharam o mundo, sendo traduzidas para o francês, o italiano, o espanhol, o alemão e o russo. Em 1984 recebeu o título de Cidadã da Cidade do Salvador. Na França, recebeu o título de Cidadã de Honra da Comuna de Mirabeau (1985) e a Comenda des Arts et des Lettres, do governo francês (1998). Recebeu ainda, no grau de comendadora, as ordens do Mérito da Bahia (1994) e do Infante Dom Henrique (Portugal, 1986).

Principais Obras de Jorge Amado

O País do Carnaval, romance (1930)
Cacau, romance (1933)
Suor, romance (1934)
Jubiabá, romance (1935)
Mar morto, romance (1936)
Capitães da areia, romance (1937)
A estrada do mar, poesia (1938)
ABC de Castro Alves, biografia (1941)
O cavaleiro da esperança, biografia (1942)
Terras do Sem Fim, romance (1943)
São Jorge dos Ilhéus, romance (1944)
Bahia de Todos os Santos, guia (1945),
Seara vermelha, romance (1946)
O amor do soldado, teatro (1947)
O mundo da paz, viagens (1951)
Os subterrâneos da liberdade, romance (1954)
Gabriela, cravo e canela, romance (1958)
A morte e a morte de Quincas Berro d'Água, romance (1961)
Os velhos marinheiros ou o capitão de longo curso, romance (1961)
Os pastores da noite, romance (1964)
O Compadre de Ogum, romance (1964)
Dona Flor e Seus Dois Maridos, romance (1966)
Tenda dos milagres, romance (1969)
Teresa Batista cansada de guerra, romance (1972)
O gato Malhado e a andorinha Sinhá, historieta infanto-juvenil (1976)
Tieta do Agreste, romance (1977)
Farda, fardão, camisola de dormir, romance (1979)
Do recente milagre dos pássaros, contos (1979)
O menino grapiúna, memórias (1982)
A bola e o goleiro, literatura infantil (1984)
Tocaia grande, romance (1984)
O sumiço da santa, romance (1988)
Navegação de cabotagem, memórias (1992)
A descoberta da América pelos turcos, romance (1994)
O milagre dos pássaros, fábula (1997)
Hora da uerra, crônicas (2008)

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