quarta-feira, 18 de maio de 2011

Café literário desperta estudantes


“Etnopoesia: Tereza Batista de Jorge Amado e a Literatura de Cordel” foi o tema do recém terminado Café Literário promovido pela Casa de Cultura Brasil-Angola, em colaboração com a Biblioteca Nacional de Angola. 

A sessão que decorreu quinta-feira última, na sala de reuniões da Biblioteca Nacional de Angola, contou com a participação do brasileiro Nelson Cerqueira, professor, escritor, pesquisador e director presidente das Faculdades Zacarias de Góes em Valença, Bahia e Hélio Rocha em Salvador, Bahia. 

Na ocasião, o docente fez uma breve análise do romance Tereza Batista como um diálogo construtivo entre a literatura de cordel, a produção fictícia do romance e a resposta da literatura oralizada do cordel da personagem de Jorge Amado. 

A presente edição do tradicional “Café literário” enquadrou-se nas celebrações da Semana da CPLP, visando entre outros aspectos reforçar a relação entre as duas instituições no domínio da literatura. Participaram do debate estudantes, escritores, bibliotecários, entre outras entidades. 

Nelson Cerqueira é autor, co-autor, organizador de vários livros em literatura, estética, filosofia, e tecnologia com dezenas de artigos em revistas brasileiras e internacionais. O Café Literário é parte integrante da programação cultural da Casa de Cultura BrasilAngola e tem como objectivo principal debater questões relacionadas com a literatura brasileira.
Literatura de cordel
A Literatura de cordel é um género de poema popular, originalmente oral, impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel. A história deste género literário começa com o romanceiro luso-holandês da Idade Contemporânea e do Renascimento. 

A sua designação está ligada à forma de comercialização desses folhetos em Portugal, onde eram pendurados em cordões, chamados de cordéis. Inicialmente, continham peças de teatro, como as de autoria de Gil Vicente (1465-1536). 

Consta que foram os portugueses que introduziram o cordel no Brasil desde o início da colonização. Na segunda metade do século XIX começaram as impressões de folhetos brasileiros, com suas características próprias. 

Os temas incluem factos do quotidiano, episódios históricos, lendas, temas religiosos, entre muitos outros.
As façanhas do cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreira da Silva, 19001938) e o suicídio do presidente Getúlio Vargas (1883-1954) são alguns dos assuntos de cordéis que tiveram maior tiragem no passado. 

No Brasil, a literatura de cordel é produção típica do Nordeste, sobretudo nos estados de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará. Costumava ser vendida em mercados e feiras pelos próprios autores. Hoje também se faz presente em outros Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. 

O cordel hoje é vendido em feiras culturais, casas de cultura, livrarias e nas apresentações dos cordelistas. 

Os poetas Leandro Gomes de Barros (1865-1918) e João Martins de Athayde (1880-1959) estão entre os principais autores do passado. 

Segundo Tesse Pisconte, directora da Casa de Cultura Brasil-Angola, a literatura brasileira tem origem e tradição que recua a Idade Média europeia, as cantigas de amor e de mal-dizer, a tradição dos trovadores, e que possui raízes profundas de etnopoesia, uma poesia de tradição oral que se desemboca na conhecida literatura de cordel. 

Fonte: Jornal O País Online de Angola

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